
Giorggio tinha pressa em ver o amigo brasileiro. Ele sabia da existência da carta e riram juntos em uma noite regada a muito vinho e pasta. Percorreu o longo corredor e o imenso tapete quase correndo. Sequer olhou ou cumprimentou o recepcionista e os funcionários, como sempre fazia. Estava tenso e com medo. Havia algo de muito grave naquela carta e por trás da morte de Luciane. Acionou insistentemente o botão do elevador. Era um prédio antigo e muito bem restaurado. Sua arquitetura contava muito sobre o passado de Roma. A porta pantográfica acendeu em sua frente. E antes de entrar e travá-la ouviu a voz de alguém que também se apressava.
-Sobe
-Sim
Era um padre esguio e certamente europeu, que se hospedara no hotel há poucos dias. Na certa para ter com o Papa.
-O santo padre está morto, comentou o homem.
-Sim, uma lástima para a Igreja, respondeu.
-Com os homens, as idéias...respondeu o padre, no exato momento em que o elevador chegava no quarto andar. Giordio lhe deu as costas para deixar o elevador. Este foi seu último gesto em vida.

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