
...............................07h07min...ano 1 DC...abril
As ruas ainda estavam desertas e o calor tornava o ar seco e rarefeito. Os acontecimentos que antecederam aquele dia deixaram Josuá insone por severos 21 dias. O medo de ser descoberto pelas ordas de cristãos e romanos lhe impuseram o exílio em uma grota distante do centro de Jerusalém. Os pés em carne viva. As mãos destroçadas pela fuga por entre pedras à noite, pois os dias seriam de reclusão. A sede e a fome lhe marcaram os lábios feridos e a face quase escondidas pela visão esquálida que os ossos lhe impunham. Nenhuma gota de chuva há sete dias. O cheiro forte de suas próprias urina e fezes incomodavam. Mas seria arriscado demais deixar a gruta. Desde o encontro com o amigo de infância sua vida havia se tornado um calvário. Mas, porque havia aceitado o compromisso de guardar aqueles documentos? Antes tivesse ignorado o apelo e dissesse não a Jesus. Sua vida, a mulher que amava e que teve de deixar para trás, em fuga. As noites de vinho nas tabernas. Tudo lhe tinha sido tomado. Os estudos sobre as doenças do corpo o tornariam, em breve, um importante médico. Sua boa vida de filho de judeu proprietário de boas terras, cabras e construções perdidas. Seu pai, um importante mestre de obras do palácio do governo de Cezar estava morto. Foram sete noites de torturas para que informasse o paradeiro do filho traidor. De sua mãe e irmãs não tinha notícias. Sua casa e bens confiscados. Tudo pela promessa da guarda daqueles papéis, que interessavam tanto aos religiosos como a Cézar. Sua vida, nada mais valia.

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